sábado, 5 de abril de 2008

Ecologia

Uma educação para a sustentabilidade ambiental


O modelo de desenvolvimento econômico, ao longo do tempo, desencadeou diversos problemas
ambientais, culturais e sociais, provocando a crise que conhecemos. A degradação ambiental, o risco de colapso ecológico e o avanço da desigualdade e da pobreza são sinais eloquentes desta crise.


Os problemas ambientais e sociais vivenciados atualmente demonstram a falência do atual modelo de desenvolvimento. Isto pres­supõe mudanças urgentes e um novo mo­delo de desenvolvimento e de sociedade. Es­tamos no limite do nosso consumo, compro­metendo a capacidade de suporte da bios­fera. Diferentemente de outros seres vivos, a relação do ser humano com a natureza não ocorre de forma simbiótica. Agimos como parasitas imprudentes, exploramos nosso hospedeiro até a morte.

O desenvolvimento tecnológico não re­solveu o problema da pobreza, mas inten­sificou a injustiça social. A rota de colisão com a natureza e o consequente aumento da destruição dos recursos naturais pas­sou a ocorrer de maneira mais acelerada, originando cenários antônimos: de um lado grandes proezas tecnológicas, do outro mi­séria e insegurança; de um lado desperdí­cio de alimentos, do outro fome; de um lado desperdício de água, do outro pessoas re­zando e caminhando quilómetros por um pouco de água limpa ou caçando água das nuvens do céu, como ocorre no deserto de Atacama (norte do Chile).


Um novo olhar


Buscar novos modelos de desenvolvi­mento econômico é induzir um novo olhar sobre o meio ambiente, o ser humano e a sociedade. É permitir olhar o todo, enquan­to sistema complexo. Nesta ótica, as partes devem ser percebidas interligadas, pois são estas conexões que permitem o que deno­minamos de vida.
As mudanças no modelo de desenvolvi­mento impõem prioritariamente mudanças de percepção, atitudes e valores. E mudan­ças na própria estrutura da sociedade con­temporânea. Estas mudanças não aconte­cerão distantes do processo educativo, pois a educação, enquanto processo construtor de conhecimento e formador de cidadãos e cidadãs, objetiva principalmente proporci­onar transformação.
Como o processo educativo deve partir da realidade do ser humano, a Educação Ambiental deve estar presente tanto na educação formal quanto na informal, ou seja, em todos os segmentos da sociedade e em todos os níveis da educação, confor­me propõe a Constituição Federal e a Lei 9795/99, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental. Deve ter como princí­pio a sustentabilidade ambiental, a ética do cuidado e precaução, entendendo que a sustentabilidade também se aplica ao ser humano e à sociedade humana, enquanto parte integrante do meio ambiente.
Mas o que denominamos de sustenta­bilidade ambiental e/ou social? Sustentabili­dade corresponde ao respeito à capacida­de de suporte dos sistemas. Todo e qual­quer sistema, seja ambiental, económico ou social, apresenta um limite que deve ser considerado ao planejarmos e/ou execu­tarmos determinada ação. Vejamos exem­plos: a mata Atlântica e o ouro em Serra Pelada foram explorados sem considerar a capacidade de suporte. Resultado: restam menos de 10% desta mata e em Serra Pe­lada sobrou uma imensa área degradada.


Educar para o cuidado


Este processo educativo não deve ser considerado exclusivo do ambiente escolar, pois todos os cidadãos têm direito à Educa­ção Ambiental. Como também têm o dever, enquanto parte integrante do meio ambien­te, de ser um educador ambiental. Isto re­quer formação adequada dentro e fora do ambiente escolar. Não precisa ser pesqui­sador ou cientista, mas um cidadão que co­nhece as leis ambientais, que as respeite e seja sensível.
Educação Ambiental pressupõe vencer desafios, como rompimento de paradigmas, conviver com a diferença, superar a socie­dade do ter, adoção dos princípios da pre­caução, da sustentabilidade e da solidarie­dade em nossos planejamentos e ações e exercício contínuo da cidadania.

Ao vencer estes desafios, estaremos construindo uma sociedade humana, solidá­ria, feliz e de paz. Uma utopia? Depende do conceito de cada um. Para mim, um so­nho difícil, mas possível de alcançar. Para alcançar os nossos sonhos precisamos vencer desafios; para vencer desafios precisamos dar o primeiro passo.

Fonte: Revista Mundo jovem - Abril de 2008. (pág.18)

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...